quarta-feira, fevereiro 26, 2020

APESAR DE TODO PROGRESSO


(por Marisa F Bragalia)
Em pleno mundo tecno e lógico
Canso de esconder sentimentos.
Odeio ter de calar quando meu desejo era falar. 
Mas o mundo é assim... As pessoas acostumaram às poucas expressões e grandes reservas pessoais.
Inexplicável esse fingimento de uma vida toda. Talvez se pudéssemos expressar o que sentimos , mais aberto e leve seria a alma das gentes do mundo  e verdades deixariam de ser camufladas.
Odeio dizer que vou muito bem quando não vale a pena dizer que  não vou.
Odeio dizer que não sou preconceituosa quando percebo que sou. 
Eu queria viver o livre arbítrio da expressão e fazer brotar com sentido todas as palavras que saíssem de minha boca. 
Tão bom seria se pudéssemos ser verdadeiros em tudo!
Se verdades fossem ditas não haveria tanta gente perdida, desconexa, andando sem rumo, pois alguém as teria orientado. 
Dizer o que se pensa deveria ser desvinculado da palavra mandar, ser antigo, ser chato e tantas outras...
Discutir o certo e o errado deveria ser apenas discussão de certo e errado e não sofrer um julgamento de estar sendo preconceituoso.
Bom seria viver a liberdade da expressão. 
São dias de alta técnica e grandiosos estudos mas com gente pequena que nada aceita, nada entende porque tem a mente fechada para ouvir o que remete à sinceridade. 
Que mundo é este que nos dá um presente mascarado e todas as gentes passaram a camuflar o que pensam e nem dizer o que gostariam com medo de serem mal interpretados pelas pessoas que as observam, vigiam e cobram posturas.
Há uma vida melhor para se viver onde as gentes consigam ser verdadeiras em seus pensares e dizeres Bom seria habitar um mundo em que se pudesse falar dos sentimentos e se abraçar sem intenção alguma, e deixar fluir do âmago da alma as verdades nuas do existir.
Apesar de todo progresso poderia existir um olhar de amor que pairasse sobre a vida do irmão e esboçar um plano de resgate onde a alma fosse salva das mentiras interiores e desse lugar ao céu de cada existência...
Em que parte do caminho o homem se tornou dissimulado e esqueceu verdades tão suas? 
Que falta faz a invenção do amor em sua essência total!


domingo, julho 07, 2019

Forma de amar. . .


Eu tenho sonhos
feito meninos
que gerei e crescem comigo.
Feito meninos muito amados
chegaram para ser a minha luz
e  eu estive ali
fui companhia e abrigo
dei o alimento
e fui o amigo.
Presença
é a palavra!
Se dedicação fosse um lugar
eu teria rodado milhares de quilômetros
por eles.
Dei a meus meninos o suor todo
do meu ser.
E nem me importo comigo se penso neles
por eles tudo amo,
amo com todas as forças que tenho.
Por eles faço tudo o que puder.
E se precisar faço ainda o que não posso.
Quis abrir a estrada e enfeitar o caminho deles.
Achei que tudo o que me fez falta
eu poderia lhes dar
para que não tivessem pedaços amassados em seus corações.
Os meus meninos conseguiriam amar
e não ter mágoas
 porque eu estava ali.
Fui a criança que brinca
e a mão que embala.
Fui doce como a brisa
e ensinei o limite de cada um.
Tive que ensinar a força
o prumo, mostrar o rumo e
lapidar cada menino.
Mas o tempo passou
e talvez a minha tristeza hoje
foi perceber
que por nunca terem tido
necessidade de ganhar seu  pão
meus meninos não entendem
o sentido verdadeiro da luta e do cansaço.
E eu tenho medo
de que tenha construído
fraquezas em vez de fortalezas.
Por isso
quando olho para o futuro
não consigo pensar alegremente
pois o medo me prende
quando visualizo
meus meninos sem mim.
Talvez o fato de estarmos à sombra
de alguém que nos protege
tire de nós
esse desejo latente de servir, 
essa força inerente de lutar
e a vontade de ser aquele que fará a diferença.
Talvez tenha me equivocado ...
Será que o amor mudou de forma
no coração das pessoas?


Sem risos . . .


Estes tempos
de nós atados
em nós.
Estes tempos
em que vislumbro
seres perdidos
vivendo a vida
em prol de rumos
que não se veem.
Tempos de poesia
desconstruída
de velas tortas
sem rumo a vida
nestes tempos de dores
e de rumores.
Noutros tempos
fluia a vida
em gestos simples
pequenos gestos,
em dias lentos ao relento
de ventos calmos
e ares  bons.
Hoje no entanto
é a correria
quando se grita
ninguém escuta,
quando se foge
nada se leva.
É o homem tolo
que faz  de si
um ser perplexo
 e desconexo.
Um ser melhor?
Pensa que sim.
Tempos
melhores ou piores
são estes,
de individualismos e dívidas.
Onde o amor
não mais existe
como fonte de verdade
e zelo.
Tempos de dores
de abuso e  uso
e despudores
tempos  perdidos
entre lamentos,
de amor, sedentos
tempos do fim!
Findou o homem
e o seu sorriso
é impreciso
não vejo mais.
Tempos estes
para lembrar aqueles
em que só a vida
era bem mais.



sábado, julho 06, 2019

H i p o c r i s i a . . .


Quem dera fôssemos sábios diante da vida
E donos das verdades esquecidas.
Quem dera passar longe da hipocrisia
Não precisar dissimular e nem fingir
Sentimentos
E diante da vida ter um olhar confiante
E conseguir ser verdadeiro para com as  pessoas.
Quem me dera
Desabitar o mundo hipócrita em que vivemos
De verdades mascaradas,
Sentimentos não sentidos,
Meias palavras e inverdades
Onde me vejo inserida sem forças para
Sair desse caminho de tanta hipocrisia.
Por que razão  tenho que mentir
E fingir verdades que não tenho
E crer em coisas que não me dizem nada
E abrir janelas que não penso olhar.
Quisera ter o mundo dos meus sonhos
Lugar de quimeras e alegrias minhas
Mundo de seres humanos desejosos de humanizar as almas
E ver sorrisos verdadeiros em todas as pessoas!
Quisera tirar o peso de tantos ombros
Aliviar as cargas de tanta gente
E acreditar num tempo sem cansaço
De braços dados e almas unidas
Para o bem da vida neste mundo meu.
Em que momento
Entrou no mundo esta mania
De fingir crenças, fingir a vida,
Essa mania de hipocrisia?


quinta-feira, julho 04, 2019

P a r a í s o s . . .

Onde está a alegria do homem?
Aquele instante de sentar na sombra, de falar da vida, de abraçar amores...
Onde está a poesia e o encantamento da vida?
Aqueles versos que encantavam as almas, que escreviam histórias, perpetuavam passos. ..
Perdeu-se o rumo na desumanidade do dia?
E eu que pensei que com a tecnologia o homem teria tempo para vida...
Dizia ter feito milagres, dominado a ciência, encurtado tempo de trabalho e conquistado tudo.
E por que então essa cara amarrada, esse andar cabisbaixo, esse peso nos ombros?
E porque essa vida vazia, desprovida de amores?
Pudesse entender o brilho simples de um dia ensolarado e olhar o matiz das flores...
Se pudesse entender a brevidade da vida talvez o ter seria tão menos importante...
Pudesse o homem entender seu elo legítimo com o paraíso, entender a eternidade  da vida que é o fruto de sua escolha...
Talvez não traria essa ruga na testa e esse peso na alma e entenderia  a razão
de um Deus ter dado sua própria vida!


domingo, junho 30, 2019

Estranho e Só . . .


Passou o tempo  
num piscar de olhos
e me levou.
Mudaram conceitos
Evoluíram-me
e me perdi.
Os meus valores,
Tudo o que eu cria
Ficou antigo... Não usa mais.
Achei estranho...
Será que já não resta nada?
Caminha hoje
a humanidade
seres voltados
só para si.
Não há posturas
nem mais conceitos
caminham sós.
Perdidos mundos
de insanidades
buscam o ter
e na verdade
sem saber o quê.
Tristes e sós
buscam o nada
são poucos sonhos
num mundo insano.
Alguns se perdem
outros conseguem
uns poucos ficam
pelo caminho.
Um tanto foge
nos descaminhos.
Onde está Deus
num mundo assim?



F o r t a l e c i d o s . . .


Devo lembrar-me
de dar boas coisas aos filhos
a cada dia dos dias meus.
Devo lembrar-me de viver a minha
e tão somente a minha vida
e de não viver a deles.
Devo falar-lhes
e tão somente falar-lhes
com meu exemplo
e não lhes facilitar os tempos.
Para que sejam fortes
esses filhos meus!
Será preciso que vivam
em meio à tempestades
e que tenham gritos na alma
para que se  tornem  destemidos
e ainda mais guerreiros
a fim de que encontrem no seu tempo 
o seu lugar.
Devo torná-los idôneos para saberem perder e ganhar 
com total dignidade de vida! 
É preciso colocar no mundo filhos fortes que saibam 
o preço do bem e o pouco valor das maldades.
Filhos que meçam  o valor do que é importante
o valor do que merece ter valor,
Filhos de fé porque os embates são ferrenhos!
Devo ter filhos equilibrados e pés no chão
porque a vida
não é feita de sonhos.
A vida tem dura  realidade, tem duras tristezas
mas também tem riso... se preciso.
E cem por cento do viver é  luta!
E que sejam lutadores, os filhos meus
mesmo diante de um  mundo de dores...
E que meu legado seja sábio por tê-los
ensinado, aconselhado, a viver nas intempéries
e  que tenham entendido e aprendido
por si próprios,Quais as coisas que possuem valor
E dos valores quais os que realmente importam. 
E quando meus filhos
souberem ultrapassar seus medos
darem as mãos ao Senhor que lhes assiste
terão andado um bom caminho
e terão a chance
de serem  vitoriosos
diante das facilidades.
Por que a si mesmos se construíram diante de mim. 
Que eu tenha conseguido acima de tudo
não lhes dar um mundo pronto!



Gelo no coração das gentes


Rumores de que há frentes frias
 vindas  das geleiras do sul
chegando sobre meu país.
Um dia frio
e algumas noites frias.
O frio também gelou o coração das  gentes!
No aconchego de suas camas macias e cheirosas
Dormem.
Esquecidos que  do lado de fora
há alguém na calçada.
Questiono a vida desses meus irmãos
nessas noites frias.
Por que razão escolheram a rua ?
Ou a vida não permitiu outro modo?
Mundo este de diferenças
e de egoísmos múltiplos.
Mundo diverso, frio, sem raízes no amor fraterno
E de quadros impressionantes
e a minha  voz calada no peito.
Onde estão os impostos
que acabo pagando em tudo ?
Quem deveria dar o rumo na  vida dos que menos têm
 e para quem contribuem todos?
Dormem os líderes desta Pátria...
o sono injusto da alma corrompida.
Um país desgovernado
é um país de poucos!



O u t r o s t e m p o s . . .


Na única matriz
Da cidade
Tocavam sinos.
Hora da prece, meditação
e o silêncio se fazia na intenção
de ouvir talvez a voz do céu!
Sinal da cruz
Nas almas nobres e catedrais.
Era comum naquele tempo
Andar na rua e ver pessoas,
Olhar para elas.
Ninguém andava absorto ou correndo
Havia o olhar para o outro caminhante
e a certeza de semelhantes razões.
Por estes tempos calou-se a voz da catedral
e os sinos não tocaram mais a Ave Maria
Tempos de sinos mudos e sem badalos!
Tempo de andar na rua e não se ver ninguém.
Ou badalou algum sino e o grito da massa não me permitiu escutá-lo?
Talvez, quem sabe, alguém da multidão  lhe derreteu o cobre
e foi vendê-lo por aí.
São outros dias. . .
De pessoas que não escutam mais. 
Tempos ricos de tecnologia
e pobres de sentido!



sábado, junho 29, 2019

E s p r e i t a r . . .


É sempre bela quando penso
na história dela.
A vida  se aprendia nos sonhos dela
Como miragens em sua mente.
Diante da janela e em muda contemplação
Brotavam instantes de amor e de alegria!
Embora fosse uma lutadora com medos enormes e ações destemidas.
Não fraquejou e cada dia buscava forças para lutar!
Vida de espreita naquela janela 
da limitação na vida!
Mesmo que  lá fora  a vida não fosse fácil...
Ela sabia e vestia o escudo da necessidade armando-se de risos
Para ter mais esperança!
Era notório que  nesta luta,  coragem se fazia necessário.
Era tão jovem e ainda nem podia acreditar em calmaria
mas podia perceber a força depois do riso.
Afinal, sorrisos também são tristes, o coração é invisível ao olhar de quem a vê.
Foram assim tantos medos  que acabaram impedindo 
A certeza de viver! 
E da janela vê-se as  grades do bom senso,
Arrebanhando forças para os embates da luta em muda contemplação...
Ela ficou na janela...
Tão distante a vida dela! 



Ú n i c o . . .


Nunca duvides de  Deus
maior que Tudo Ele é.
Deus único
que a Tudo fez
que Tudo Faz.
Fosse tua alma infinita
saberia
quão grande é o detentor da vida!
Do impossível
faz possíveis
e onde não vês
 Ele age
porque Dele emana todo o  poder...
E tudo faz no tempo certo.
Onipresente,
Onisciente.
Esse é Deus
acessível
para os filhos Seus!


E v i d ê n c i a s . . .


Tenho estado absorto
Em pensamentos tão meus.
Tenho estado infeliz
Em circunstâncias tão minhas.
Tenho estado
Observando-me,
Vivendo-me,
Alimentando-me,
Em rituais meramente meus.
Pudesse apenas vislumbrar
Com outros olhos de bondade
Seria um eu mais desapegado
Das minhas inconstâncias
E desse foco em mim!
Aceitaria a finitude dos passos
E entenderia melhor a vida
De alguém que vai comigo
Nessa mesma caminhada.
Talvez comendo os restos que deixo
Ou vestindo os restos que doo
E , quem sabe, sonhando
Ser como eu, um dia!
Ah se eu pudesse ter a coragem
De desviar os olhos de mim
E olhar para fora da minha alma...
Então, veria
o evidente!


F i n i t u d e s . . .


Tenho pressa nesta vida.
Amanheço e já me vejo perdida nesse mal
chamado tempo.
Quando consigo
depois de muita luta
já é hora de outras portas,
outros sonhos,
mais labuta.
Parece que ando tão depressa
mas tropeço em meus silêncios
e me angustia a demora
e só não me demora a vida!
Um dia aprenderão de mim
sobre a corrida,
esse mal que assombra a vida
e inibe o momento
de expressar amor.
Passageira esta vida,
vida de tantos lamentos e de tanta sede...
Vida que tem pressa
e nem sequer ousa esperar-me.
Os dias vão
voando tão depressa ao horizonte
dos meus próprios sonhos.
Onde está o limite de tudo o que tento?
Não fosse a esperança
da eternidade
não teria sentido a luta.
Por isso,  esse mal chamado tempo
precisa de rédeas para que eu floresça
e meu legado fique
mesmo com a finitude
do
meu ser.
Queria um mundo lento
onde a vida demorasse!